Nas nossas visitas de campo deparámo-nos com a grave situação de poluição que originou a eutrofização verificada no rio em Amarante, Mondim de Basto e Chaves. Os fenómenos de desenvolvimento anormal de algas têm o nome técnico de eutrofização e acontecem quando a água está parada, se verificam temperaturas elevadas e há excesso de nutrientes, fruto de poluição.
Divulgámos o caso nas redes sociais, apresentámos denúncias ao Serviço de Proteção da Natureza e do Ambiente na GNR de Amarante e de Chaves e estamos a preparar um relatório sobre o estado do rio, acompanhado de um caderno de exigências à Agência Portuguesa do Ambiente e ao Ministério do Ambiente.
Partilhamos fotografias e vídeos registados nesses dias.
O incrível momento em que o cantor Rodrigo Amarante se manifesta contra a construção das barragens no rio Tâmega durante o Festival Mimo 2017, em Amarante, promovendo a campanha VOTA TÂMEGA
Quase uma década após o lançamento do Plano Nacional de Barragens, apenas três grandes projetos subsistem. O Governo reavaliou o Plano no início do ano e manteve Foz Tua, Fridão e o Sistema Eletroprodutor do Tâmega. Os três empreendimentos vão contribuir apenas com 1,7% para o fornecimento de eletricidade.
Biosfera é um programa da Farol de Ideias, transmitido na RTP2, aos sábados, pelas 13h30. Esta reportagem foi emitida originalmente a 2016-09-24.
A Direção-Geral de Energia e Geologia (DGEG) é o órgão da Administração Pública Portuguesa que tem por missão contribuir para a conceção, promoção e avaliação das políticas relativas à energia e aos recursos geológicos (DGEG, 2015a). Este órgão publica anualmente os balanços e indicadores energéticos nacionais. A informação disponível mais recente é relativa ao ano de 2014 (DGEG, 2015b)..
A energia primária compreende todas as formas de energia antes de transformadas. A eletricidade é uma energia secundária, dado que pressupõe essa transformação (ex: queima de carvão numa central termoelétrica para produção de eletricidade). Segundo a DGEG, em 2013 o consumo de energia primária foi de 20 921 ktep, equivalente a 243 310 GWh (DGEG, 2015a; IEA, 2016). Desse valor e para o mesmo ano, 52 802 GWh/ano correspondem à disponibilidade de energia elétrica para consumo (DGEG, 2015c).
De acordo com os dados do Ministério do Ambiente sobre o Sistema Eletroprodutor do Tâmega (SET), esta obra terá uma produtibilidade líquida média de 333 GWh/ano.
Assim, para o ano de referência 2014:
Contribuição do SET para as necessidades energéticas nacionais:
Produtibilidade líquida média SET / Consumo de energia primária x 100% = 0,14 %
Contribuição do SET para a produção elétrica nacional:
Produtibilidade líquida média SET / Produção de energia elétrica x 100% = 0,63 %
O SET contribuirá assim com 0,1 % da energia nacional e 0,6 % da eletricidade produzida, com um custo comprovado entre 5 a 10 vezes superior às alternativas disponíveis (GEOTA, 2015).
Um retorno insignificante face aos impactes sociais, ambientais, culturais e económicos deste projeto, e que com a evolução esperada das alterações climáticas na região mediterrânica, tenderá a reduzir-se ainda mais nas próximas décadas.
Conheça as contas detalhadas da contribuição das barragens de Foz Tua e Fridão para a produção energética e elétrica nacional.
Referências
Relativamente à produtibilidade líquida média dos diferentes aproveitamentos hidroelétricos, dada a existência de múltiplas fontes com dados divergentes e de modo a manter um grau de coerência na escolha das referências, optou-se pela utilização de informação contida 1º) nos Contratos de Concessão, 2.º) nos Websites das concessionárias, e 3.º) no documento mais recente de entidades oficiais.
AIE, 2016 – Agência Internacional de Energia (2016). Unit converter. (consultado a 6.06.2016)
DGEG, 2015a – Direção-Geral de Energia e Geologia (2015). Balanço Energético 2014. Portugal.
MA, 2016 – Ministério do Ambiente. Plano Nacional de Barragens de Elevado potencial Hidroelétrico – Visão Integrada da Utilização, Renaturalização e Proteção dos Rios. Portugal
MAOT, 2011 – Ministério do Ambiente e do Ordenamento do Território (2011). Contrato de concessão relativo à utilização dos recursos hídricos para captação de água superficiais destinadas à produção de energia hidroeléctrica. Aproveitamento Hidroelétrico de Foz Tua. Contrato de concessão n.º 25/ENERGIA/INAG/2011. Portugal
Nota: Texto alterado a 24.01.2017, substituindo a referência à fonte da produtibilidade líquida média do SET. Onde se lia, erradamente, “contrato de concessão“, devia ler-se “os dados do Ministério do Ambiente”.
A Direção-Geral de Energia e Geologia (DGEG) é o órgão da Administração Pública Portuguesa que tem por missão contribuir para a conceção, promoção e avaliação das políticas relativas à energia e aos recursos geológicos (DGEG, 2015a). Este órgão publica anualmente os balanços e indicadores energéticos nacionais. A informação disponível mais recente é relativa ao ano de 2014 (DGEG, 2015b)..
A energia primária compreende todas as formas de energia antes de transformadas. A eletricidade é uma energia secundária, dado que pressupõe essa transformação (ex: queima de carvão numa central termoelétrica para produção de eletricidade). Segundo a DGEG, em 2013 o consumo de energia primária foi de 20 921 ktep, equivalente a 243 310 GWh (DGEG, 2015a; IEA, 2016). Desse valor e para o mesmo ano, 52 802 GWh/ano correspondem à disponibilidade de energia elétrica para consumo (DGEG, 2015c).
De acordo com os dados do site da EDP, concessionária da obra, a Barragem de Fridão, terá uma produtibilidade líquida média de 295 GWh/ano.
Assim, para o ano de referência 2014:
Contribuição da Barragem de Fridão para as necessidades energéticas nacionais:
Produtibilidade líquida média Fridão / Consumo de energia primária x 100% = 0,12%
Contribuição da Barragem de Fridão para a produção elétrica nacional:
Produtibilidade líquida média Fridão / Produção de energia elétrica x 100% = 0,56%
A Barragem de Fridão contribuirá assim com 0,1 % da energia nacional e 0,6 % da eletricidade produzida, com um custo comprovado entre 5 a 10 vezes superior às alternativas disponíveis (GEOTA, 2015).
Um retorno insignificante face aos impactes sociais, ambientais, culturais e económicos deste projeto, e que com a evolução esperada das alterações climáticas na região mediterrânica, tenderá a reduzir-se ainda mais nas próximas décadas.
Relativamente à produtibilidade líquida média dos diferentes aproveitamentos hidroelétricos, dada a existência de múltiplas fontes com dados divergentes e de modo a manter um grau de coerência na escolha das referências, optou-se pela utilização de informação contida 1º) nos Contratos de Concessão, 2.º) nos Websites das concessionárias, e 3.º) no documento mais recente de entidades oficiais.
AIE, 2016 – Agência Internacional de Energia (2016). Unit converter. (consultado a 6.06.2016)
DGEG, 2015a – Direção-Geral de Energia e Geologia (2015). Balanço Energético 2014. Portugal.
MA, 2016 – Ministério do Ambiente. Plano Nacional de Barragens de Elevado potencial Hidroelétrico – Visão Integrada da Utilização, Renaturalização e Proteção dos Rios. Portugal
MAOT, 2011 – Ministério do Ambiente e do Ordenamento do Território (2011). Contrato de concessão relativo à utilização dos recursos hídricos para captação de água superficiais destinadas à produção de energia hidroeléctrica. Aproveitamento Hidroelétrico de Foz Tua. Contrato de concessão n.º 25/ENERGIA/INAG/2011. Portugal
Nota: Texto alterado a 24.01.2017, substituindo a referência à fonte da produtibilidade líquida média da barragem de Fridão. Onde se lia, erradamente, “contrato de concessão“, devia ler-se “os dados do site da EDP, concessionária da obra“.
A Direção-Geral de Energia e Geologia (DGEG) é o órgão da Administração Pública Portuguesa que tem por missão contribuir para a conceção, promoção e avaliação das políticas relativas à energia e aos recursos geológicos (DGEG, 2016). Este órgão publica anualmente os balanços e indicadores energéticos nacionais. A informação disponível mais recente é relativa ao ano de 2014 (DGEG, 2015a).
A energia primária compreende todas as formas de energia antes de transformadas. A eletricidade é uma energia secundária, dado que pressupõe essa transformação (ex: queima de carvão numa central termoelétrica para produção de eletricidade). Segundo a DGEG, em 2013 o consumo de energia primária foi de 20 921 ktep, equivalente a 243 310 GWh (DGEG, 2015a; AIE, 2016). Desse valor e para o mesmo ano, 52 802 GWh/ano correspondem à disponibilidade de energia elétrica para consumo (DGEG 2015b).
O Programa Nacional de Barragens de Elevado Potencial Hidroelétrico (PNBEPH) foi lançado em 2010. Das dez barragens definidas pelo PNBEPH, sete acabaram por ser aprovadas pelo Governo (não houve candidaturas a Almourol e Pinhosão; Padroselos foi reprovada) e atualmente apenas quatro se encontram programadas (Alvito e Girabolhos-Bogueira foram oficialmente canceladas durante a reavaliação do PNBEPH em abril de 2016) (MA, 2016).
As quatro barragens previstas inserem-se na bacia hidrográfica do Douro e apresentam, no seu conjunto, uma produtibilidade líquida média de 910 GWh/ano. Ou seja, barragem do Tua com 282 GWh/ano, barragem de Fridão — atualmente suspensa por três anos — com 295 GWh/ano, e o Sistema Eletroprodutor do Tâmega — que engloba as barragens de Gouvães, Alto Tâmega e Daivões — com 333 GWh/ano (MAOT, 2011; EDP, 2016; MA, 2016).
Assim, para o ano de referência 2014:
Contribuição do PNBEPH para as necessidades energéticas nacionais:
Produtibilidade líquida média PNBEPH / Consumo de energia primária x 100% = 0,4 %
Contribuição do PNBEPH para a produção elétrica nacional:
Produtibilidade líquida média PNBEPH / Produção de energia elétrica x 100% = 1,7 %
O PNBEPH contribuirá assim com 0,4 % da energia nacional e 1,7 % da eletricidade produzida, com um custo comprovado entre 5 a 10 vezes superior às alternativas disponíveis (GEOTA, 2015).
Um retorno insignificante face aos impactes sociais, ambientais, culturais e económicos deste projeto, e que com a evolução esperada das alterações climáticas na região mediterrânica, tenderá a reduzir-se ainda mais nas próximas décadas.
Relativamente à produtibilidade líquida média dos diferentes aproveitamentos hidroelétricos, dada a existência de múltiplas fontes com dados divergentes e de modo a manter um grau de coerência na escolha das referências, optou-se pela utilização de informação contida 1º) nos Contratos de Concessão, 2.º) nos Websites das concessionárias, e 3.º) no documento mais recente de entidades oficiais.
AIE, 2016 – Agência Internacional de Energia (2016). Unit converter. (consultado a 6.06.2016)
DGEG, 2015a – Direção-Geral de Energia e Geologia (2015). Balanço Energético 2014. Portugal.
MA, 2016 – Ministério do Ambiente. Plano Nacional de Barragens de Elevado potencial Hidroelétrico – Visão Integrada da Utilização, Renaturalização e Proteção dos Rios. Portugal
MAOT, 2011 – Ministério do Ambiente e do Ordenamento do Território (2011). Contrato de concessão relativo à utilização dos recursos hídricos para captação de água superficiais destinadas à produção de energia hidroeléctrica. Aproveitamento Hidroelétrico de Foz Tua. Contrato de concessão n.º 25/ENERGIA/INAG/2011. Portugal
Para compreender a história do Programa Nacional de Barragens, lançado em 2007, clique aqui.
Para conhecer o estado das obras no terreno, em fevereiro de 2016, clique aqui.
O Governo apresentou hoje a autarcas, associações de defesa do ambiente e empresas elétricas o resultado daquilo a que chamou “Revisão do Programa Nacional de Barragens”. Além de alterações na construção das novas grandes barragens, foram anunciadas medidas relativamente ao estabelecimento de um regime nacional de caudais ecológicos, para todos os rios; à demolição de estruturas (açudes e barragens) sem utilidade e à reavaliação do plano de mini-hídricas, lançado em 2010.
O GEOTA esteve presente na reunião, está a avaliar o documento e tomará posição pública muito em breve. Relativamente ao Programa Nacional de Barragens, as decisões tornadas públicas pelo Ministério do Ambiente foram as seguintes:
Barragens de Girabolhos/Bogueira, rio Mondego | Endesa – CANCELADAS
Barragem de Alvito, rio Ocreza | EDP – CANCELADA
Barragem de Fridão, rio Tâmega | EDP – SUSPENSA, por 3 anos
Barragens de Daivões, Gouvães e Alto Tâmega (Sistema eletroprodutor do Tâmega), rios Torno e Tâmega | Iberdrola – PROSSEGUEM