Impactos Ambientais, Sociais e Económicos da Construção de Barragens 

Impactos Ambientais, Sociais e Económicos da Construção de Barragens 

A construção de uma barragem tem grandes impactos ecológicos, causando a diminuição da biodiversidade e a destruição de habitats, o que por sua vez, contribui negativamente para as alterações climáticas. Por outro lado, tem também impactos sociais e económicos relevantes: construir barragens implica investimentos elevados que não se têm refletido em benefícios sociais e económicos para as populações locais.

A seca que vivemos atualmente vem exatamente demonstrar estes pontos, realçando que de nada nos serve construir novos locais de armazenamento se escasseia a água que podem armazenar.

A posição assumida pelo GEOTA nos últimos anos é de que a aposta em alternativas com grande dependência dos recursos hídricos, seja no contexto das barragens hidroelétricas ou de regadio, não só tem impactos ecológicos irreversíveis, como também diminui a capacidade de resiliência às alterações climáticas.

A nível estratégico, não consideramos ser viável, principalmente numa situação de emergência climática, apostar em atividades que necessitam de elevados consumos hídricos, a gestão destes recursos deve-se compatibilizar com as metas definidas pelas estratégias europeias, como o Pacto Ecológico Europeu e a Diretiva Quadro da Água. Estes instrumentos direcionam-nos para a necessidade de promover rios livres de barreiras, para formas de agricultura mais sustentáveis e menos dependentes dos recursos hídricos e para a preservação dos ecossistemas e da biodiversidade.

Barragens e Alterações Climáticas

Barragens e Alterações Climáticas

Portugal tem mais de 8000 barragens ou barreiras à conectividade fluvial. Para um leigo, com a seca e falta de água previstas com as alterações climáticas, pode parecer que o armazenamento de água em barragens constitui um ponto positivo para combate às mesmas. Na verdade, a ciência mostra-nos que as barragens têm na verdade um efeito negativo nas alterações climáticas, libertando gases de efeitos estufa, destruindo sumidouros de carbono, retirando os nutrientes dos ecossistemas, destruindo habitats e a sua biodiversidade associada.

As barragens também criam um potencial de inundação face aos episódios de chuva intensa previstos com as alterações climáticas, pondo vidas em risco (como aconteceu na Europa há poucos meses atrás) e colocando os governos e a indústrias em posições financeiras difíceis.

Em Portugal, vários projetos de investimento, relacionados com a construção de barragens hidroagrícolas, estão planeados para os próximos anos. O GEOTA sugere que estes não avancem ou sejam repensados, dados os seus irremediáveis impactos sociais e ambientais.

Situação internacional: remoção de barragens

Situação internacional: remoção de barragens

Exemplos internacionais de remoção de barragens

 
As Barragens não duram para sempre…

As Barragens não duram para sempre…

 

Quem pode Remover Barragens?

Assiste à Remoção de uma grande Barragem!

 

 

Quem as pode remover?

 

Descomissionamento de Barragens

Descomissionamento de Barragens

Descomissionamento de Barragens

GEOTA Apresenta Estudo – Estarão as barragens a matar os rios em Portugal?

GEOTA Apresenta Estudo – Estarão as barragens a matar os rios em Portugal?

– Estudo concluiu que as mais de 1 200 barreiras no Rio Douro estão a colocar em risco direto espécies como a lampreia e enguia, com impactes nos habitats de espécies como a águia-real e o lobo-ibérico

 

– Rede Douro Vivo vai sugerir ao Estado remover 11 barragens e aumentar o Parque Natural de Montesinho para preservar os ecossistemas

 


 

Lisboa, 27 de julho de 2020: Um estudo da Rede Douro Vivo, projeto liderado pelo GEOTA, Grupo de Ordenamento do Território e Ambiente, em parceria com várias instituições científicas e ambientalistas, concluiu que a qualidade da água e a biodiversidade na bacia hidrográfica do Douro estão seriamente comprometidas dado o elevado número de barragens ao longo do rio.

De acordo com o documento, as mais de 1 200 barreiras identificadas, por potenciarem a deterioração da água e dos habitats ribeirinhos e quebrarem o normal ciclo do rio, estão a pôr em risco a continuidade de dezenas de espécies selvagens, algumas delas em elevado risco de extinção, tais como o mexilhão-de-rio, a lampreia, salmão e a enguia, afetando ainda o habitat de espécies emblemáticas como a águia-real e o lobo-ibérico. Além disso, das 152 barreiras visitadas no Douro, verificouse que mais de 25% estão total ou parcialmente destruídas ou abandonadas, não tendo qualquer propósito funcional.

“Este estudo – que, na verdade, é composto por diversos estudos que se complementam – pretende ajudar a colmatar a falta de conhecimento que existe no país acerca das barragens e dos seus impactes ambientais, para que no futuro seja possível, não só garantir a integridade natural e ecológica dos rios e das espécies nativas, como também assegurar a viabilidade económica e sustentável de futuros empreendimentos. É notório o enorme impacte que as barragens têm na biodiversidade e o caso de estudo da bacia do Douro é um exemplo alarmante do que as interrupções nos rios podem causar”, explica Ricardo Próspero, representante do GEOTA.

O trabalho focou-se na bacia hidrográfica do Douro com o objetivo de a caracterizar ecológica e funcionalmente, estudando a integridade dos habitats, alguns com espécies ameaçadas, e identificando aqueles que estão ainda em boas condições ecológicas, tanto em Portugal como em Espanha.

Para fazer frente aos problemas encontrados, a Rede Douro Vivo vai propor uma série de medidas ao Estado, para que possa atuar no sentido de minimizar os impactes ambientais criados por estas estruturas e contribuir para a preservação dos ecossistemas e bem-estar das populações: “Vamos sugerir o alargamento do Parque Natural de Montesinho e o estabelecimento de Reservas Naturais Fluviais, com o objetivo de promover a resiliência destes ecossistemas e da biodiversidade. Consideramos também fundamental remover os obstáculos obsoletos ou em incumprimento ambiental, tendo já sido identificada a importância de remover pelo menos 11 barreiras em afluentes do Douro”, avança Ricardo Próspero.

A análise agora divulgada pela Rede Douro Vivo foi desenvolvida pela Associação Natureza Portugal/WWF (ANP/WWF), Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos da Universidade do Porto (CIBIO), Centro de Investigação de Montanha do Instituto Politécnico de Bragança (CIMO) e Centro de Investigação de Tecnologias Agroambientais e Biológicas da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (CITAB).

 

 

https://www.youtube.com/watch?v=Pe6XWRpNpII

Parar o Programa Nacional de Barragens

Parar o Programa Nacional de Barragens

 

Contexto

Lançamento

Programa Nacional de Barragens de Elevado Potencial Hidroelétrico (PNBEPH) foi lançado pelo Governo Português, em 2007, alegadamente para reduzir a dependência energética e as emissões de gases com efeito de estufa, através do aumento das energias renováveis, complementando a energia eólica com a hídrica.

Desde o início se revelou um plano contestado pelas organizações de defesa do ambiente, por assentar em pressupostos errados e pelos reduzidos benefícios face ao seu custo económico e ambiental.

A meta estabelecida pelo programa (nunca justificada) consistia num aumento de 1100 MW em potência hidroelétrica instalada, sobre os já existentes 5900 MW. Nenhuma meta foi estabelecida para a produção de energia, nem foi estudada nenhuma alternativa às grandes barragens.

Das dez barragens definidas inicialmente pelo PNBEPH, sete acabaram por ser aprovadas pelo Governo: Foz-Tua (rio Tua), Girabolhos-Bogueira (rio Mondego), Alvito (rio Ocreza), Gouvães (rio Torno) e Fridão, Daivões e Alto Tâmega (rio Tâmega).

Não houve candidaturas para os aproveitamentos de Almourol (rio Tejo) e Pinhosão (rio Vouga). Padroselos, prevista para o rio Beça, foi chumbada pelo Ministério do Ambiente, com o argumento de que a sua construção seria incompatível com o mexilhão de rio do norte (Margaritifera margaritifera), espécie rara protegida pela legislação nacional e europeia que se julgou extinta em Portugal nos anos 80.

Reavaliação

Em abril de 2016, fruto do acordo apoio parlamentar estabelecido entre o Partido Socialista e o Partido Ecologista “Os Verdes” o Ministro do Ambiente, João Matos Fernandes, comunicou aos autarcas e associações de defesa do ambiente o resultado daquilo a que chamou “Revisão do Programa Nacional de Barragens”(versão completa). [AQUI, versão resumida.]

Além da revisão do Programa Nacional de Barragens de Elevado Potencial Hidroelétrico (PNBEPH) foram anunciadas medidas relativamente ao estabelecimento de um regime nacional de caudais ecológicos, para todos os rios; à demolição de açudes e barragens sem utilidade e à reavaliação do plano de mini-hídricas, definido em 2010.

Pela primeira vez, deste 2007, foi feito um exercício de avaliação do PNBEPH, que resultou no cancelamento definitivo da construção dos empreendimentos hidroelétricos de Alvito (concessionado à EDP), no rio Ocreza, e Girabolhos-Bogueira (concessionado à Endesa), no rio Mondego.

No entanto, a avaliação efetuada pelo Ministério do Ambiente foi uma farsa. Nem autarcas, nem associações de defesa do ambiente ou desenvolvimento local foram envolvidos no processo ou tiveram oportunidade para discutir o relatório. O Governo apenas negociou com as elétricas e acabou por decidir exclusivamente em nome dos interesses dessas empresas e não em nome do interesse nacional. Veja-se:

  • Alvito já tinha caído, por decisão da EDP, em 2011 – a facto apenas foi agora confirmado;
  • O aproveitamento de Girabolhos-Bogueira, cai por decisão da Endesa, o que demonstra o pouco interesse do investimento. O Estado não tem qualquer encargo com a decisão;
  • Fridão perdeu, em maio de 2015, os subsídios à garantia de potência, devido a atrasos com a licença de produção, pondo assim em causa a viabilidade económica do projeto. O ministro do Ambiente reconheceu expressamente que Fridão não tem interesse para o sistema eléctrico nacional, mas não teve a coragem de tomar a decisão do cancelamento, obrigando as populações de Amarante e das Terras de Basto a mais três anos de indefinição e impossibilidade de utilizarem os terrenos abrangidos pela área de uma eventual albufeira;
  • Autoriza-se o avanço das barragens do Sistema do Electroprodutor do Tâmega (Daivões, Gouvães e Alto Tâmega) com o argumento de que as obras já começaram. É falso [ver Ponto de situação | fevereiro 2015 vs. fevereiro 2016]. À data não existiam obras significativas nem qualquer intervenção nos cursos de água (Tâmega e Torno/Louredo). Em Daivões e Alto Tâmega a montagem de estaleiros e abertura/melhoramento de acessos começou a ser feita apenas em janeiro de 2016, já depois de o Governo ter anunciado que a reavaliação do PNBEPH abrangeria apenas as obras que não se tinham iniciado. Em Gouvães não há qualquer intervenção. O único desenvolvimento de todo o SET é o início de construção de um túnel técnico, na localidade de Paçô, Ribeira de Pena, destinado unicamente à circulação de veículos e ao armazenamento de material. A coragem política necessária para defender o interesse público e um modelo de desenvolvimento sustentável para populações do Vale do Tâmega não existiu. Todo o SET devia ter sido cancelado. Mais uma vez, foi no interesse das empresas que o Governo decidiu.

 

 

Todo o PNBEPH é baseado numa irracionalidade económica das obras para os contribuintes, as famílias e os próprios os acionistas das companhias de energia.

  • Foram anunciados os custos da denúncia dos contratos de Fridão (EDP) e Sistema do Electroprodutor do Tâmega (Iberdrola), mas não foram avaliados os custos para o País e os cidadãos-consumidores. Estimamos esses valores como sendo pelo menos 30 vezes superiores aos da paragem dos projetos. Com esta decisão, o Governo autoriza a EDP e a Iberdrola a tirar às famílias portuguesas 10 400 M€, ou seja, triplica a dívida tarifária e impõe um encargo de 2 600 € a cada família, equivalente a um acréscimo médio na fatura elétrica de 5%;
  • Não foram avaliados os impactes cumulativos de todas estas barragens: na degradação da qualidade da água, nos obstáculos à conetividade dos ecossistemas, na erosão costeira, no microclima que afetará a produção de vinho. A destruição que as novas barragens vão causar à fauna, flora e vegetação do Vale do Tâmega têm sido simplesmente ignoradas: muitas das espécies identificadas nos Estudos de Impacte Ambiental são protegidas ao abrigo da Diretiva Habitats, da Convenção de Berna, Diretiva Aves e são consideradas “Vulneráveis pela União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN) e no Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal;
  • É falso que estes projetos sejam “investimentos privados”. Não foi equacionada a eliminação dos subsídios à construção das novas barragens que, para as barragens já construídas ou autorizadas, ascenderá a 22 M€/ano. Defendemos que estes subsídios devem ser total e definitivamente eliminados (são aliás ilegais face a normas comunitárias). O montante poupado deve ser aplicado em projetos de desenvolvimento local, envolvendo as autarquias, beneficiando as regiões onde não forem construídos estes empreendimentos.

 

O PNBEPH é hoje um mero esboço do inicialmente previsto e ainda assim o seu rasto de destruição é impressionante. A crise económica e financeira fechou a torneira do crédito, o consumo de electricidade caiu e diminuiu-se o valor das rendas garantidas às empresas produtoras de energia, o que tornou alguns destes projetos muito menos apetecíveis/rentáveis, comparativamente ao previsto em 2007. Ainda assim, tendo em conta as distorções que continuam a existir no mercado energético e a subsidiação pública que estes empreendimentos têm, direta ou indiretamente, há obras que avançam.

A barragem de Foz-Tua, concessionada à EDP, é o caso mais gritante. Encontra-se em avançado estado de construção e será a primeira obra do PNBEPH a ficar concluída. Um crime que tem destruído um dos mais belos vales nacionais. Já foram cortadas milhares de árvores, os carris da Linha do Tua arrancados e uma parte da albufeira foi já ilegalmente cheia. Apesar de todos os apelos, de todos os escândalos.

Dentro deste contexto, e tendo em conta que: a) politicamente não há vontade do governo em parar o PNBEPH e b) os fortes interesses das empresas concessionárias (EDP, Iberdrola), a batalha das Organizações Não Governamentais de Ambiente (ONGA) precisa de todo o apoio possível.

A opinião pública continua convencida de que a construção das barragens é feita através de investimento privado (supostamente criador de postos de trabalho e motor de dinamismo económico nas regiões afetadas) e que a grande hídrica constitui “energia verde”.

Não podia ser mais falso, como se pode comprovar no Memorando “O PROGRAMA NACIONAL DE BARRAGENS: Desastre económico, social e ambiental” (versão revista, Outubro 2016).[:en]O Programa Nacional de Barragens de Elevado Potencial Hidroelétrico (PNBEPH) foi lançado pelo Governo Português, em 2007, alegadamente para reduzir a dependência energética e as emissões de gases com efeito de estufa, através do aumento das energias renováveis, complementando a energia eólica com a hídrica.

Desde o início se revelou um plano contestado pelas organizações de defesa do ambiente, por assentar em pressupostos errados e pelos reduzidos benefícios face ao seu custo económico e ambiental.

A meta estabelecida pelo programa (nunca justificada) consistia num aumento de 1100 MW em potência hidroelétrica instalada, sobre os já existentes 5900 MW. Nenhuma meta foi estabelecida para a produção de energia, nem foi estudada nenhuma alternativa às grandes barragens.

Das dez barragens definidas pelo PNBEPH, sete acabaram por ser aprovadas pelo Governo (não houve candidaturas para Almourol e Pinhosão; Padroselos foi reprovada, mas a potência aí prevista poderá ser redistribuída entre as outras barragens) e atualmente apenas seis se encontram programadas (Alvito foi suspensa pela EDP).

O PNBEPH está bastante atrasado. A crise económica e financeira fechou a torneira do crédito, o consumo de electricidade caiu e diminuiu-se o valor das rendas garantidas às empresas produtoras de energia, o que tornou alguns destes projetos muito menos apetecíveis/rentáveis comparativamente a 2007. Ainda assim, tendo em conta as distorções que continuam a existir no mercado energético e a subsidiação pública que estes empreendimentos têm, direta ou indiretamente, as obras vão avançando.

Apenas Foz-Tua (rio Tua), concessionada à EDP, se encontra em avançado estado de construção, prevendo-se a conclusão das obras no final de 2015 e o enchimento da albufeira no segundo semestre de 2016.

Foi anunciado no fim do ano passado que em 2015 teriam início as obras das três barragens previstas para a bacia do rio Tâmega: Gouvães, Alto Tâmega/Vidago e Daivões (conjunto apelidado de Sistema Eletroprodutor do Tâmega – SET), concessionadas à Iberdrola. Na verdade, visitas ao terreno demonstram que quase nada tem avançado.

O contrato de concessão da barragem do Fridão, a quarta nova barragem no rio Tâmega, a jusante do SET, concessionada à EDP, devia ter sido assinado em Setembro de 2014 mas tal não aconteceu. Para já, não há uma data prevista oficial para a obra começar.

As barragens de Girabolhos-Bogueira (rio Mondego), cuja concessão foi ganha pela Endesa, avançam mais depressa: estão em curso expropriações , abertura de caminhos e instalação de estaleiros.

Dentro deste contexto, e tendo em conta que: a) politicamente não há vontade do governo em parar o PNBEPH e b) os fortes interesses das empresas concessionárias (EDP, Iberdrola e Endesa), a batalha das Organizações Não Governamentais de Ambiente (ONGA) precisa de todo o apoio possível.

A opinião pública continua convencida de que a construção das barragens é feita através de investimento privado (supostamente criador de postos de trabalho e motor de dinamismo económico nas regiões afetadas) e que a grande hídrica constitui “energia verde”.

Não podia ser mais falso, como se pode comprovar no Memorando “O PROGRAMA NACIONAL DE BARRAGENS: Desastre económico, social e ambiental” (versão revista, 2015).

O futuro é agora: desmantelar barragens!

O futuro é agora: desmantelar barragens!

Descomissionamento


É uma palavra cara, mas que nos é muito cara. Aplicado às barragens, quer dizer remoção ou adaptação.

Ao contrário do que acontece no nosso país, onde ainda estão em construção e planeadas várias barragens, por todo o mundo existe um movimento contrário: Suécia, Reino Unido, Espanha, França e os Estados Unidos da América já retiraram mais de 4955 dos seus rios. E até os nossos vizinhos ibéricos já passaram a marca das centenas.

A principal razão para remover ou adaptar uma barreira é quando esta se torna obsoleta. Com isso, os peixes voltam a conseguir migrar e aumentam os seus territórios de alimentação e reprodução; os animais voltam a conseguir atravessar albufeiras, repovoando territórios onde se encontravam extintos; podem-se reflorestar com fauna autóctone os milhares de hectares que estavam submersos; e os humanos voltam a usufruir das potencialidades económicas, de lazer ou de transporte de um rio livre.

No nosso site podes ficar a conhecer tudo sobre Descomissionamento, com documentários, notícias e links úteis.

 


Em Portugal


Ao contrário do que acontece noutros países, aqui (ainda) não existe um plano nacional de remoção de barragens. Em 2016, o Governo decidiu constituir um grupo de trabalho para identificar barreiras obsoletas (do qual o GEOTA faz parte) mas o seu trabalho ainda nem sequer foi concluído.

No entanto, na sessão de lançamento da Rede Douro Vivo – coordenada pelo GEOTA – o Vice-Presidente da Agência Portuguesa do Ambiente, Pimenta Machado, anunciou a remoção de duas barragens no nosso país.

Não indicou quais seriam, mas informou que se encontram na bacia hidrográfica do Douro.

Contamos contigo para continuar a pressionar as autoridades no sentido de mapear e descomissionar todas as barreiras obsoletas nos nossos rios.

Mantém-te atento às nossas redes sociais, newsletter e site!

 


 

Na Europa

Em abril o projeto Rios Livres GEOTA participou, em Madrid, num seminário sobre remoção de barragens.

A organização esteve a cargo da AMBER (Adaptive Management of Barriers in European Rivers) e da DRE (Dam Removal Europe).

Das várias apresentações (que podem ser descarregadas aqui e cujos vídeos podem ser vistos aqui), ficámos a conhecer melhor casos práticos, planos nacionais de descomissionamento e vantagens ecossistémicas da remoção de barragens.

 

 


 

Remoção cidadã

 

O que mais nos impressionou foram os exemplos de “remoção cidadã”. Ou seja, quando comunidades, coletivos e pessoas comuns se juntam para desmantelar barreiras, às vezes com as próprias mãos . E são muitos os exemplos, como este que está a acontecer em Espanha, no Rio Bornova, afluente do Tejo, promovida pela APCR (Asociación de Pescadores por la Conservación de los Ríos):

 


 

Se quiseres ajudar a que mais grupos de cidadãos e cidadãs consigam remover barreiras obsoletas, contribui para o Crowdfunding da Dam Removal Europe.

 


 

Visita de campo

 

No segundo dia, fomos ao terreno conhecer exemplos do já extenso Programa Nacional espanhol de Remoção e Adaptação de Barreiras Transversais.

Começámos por uma adaptação – a construção de uma escada para peixes ao lado de um açude (by-pass), em Valdemaqueda, no Rio Cofio, afluente do Tejo:

 

E depois o local onde outrora existiu uma barragem de 22,7 metros, naquela que foi uma das maiores remoções feitas na Europa, em Robledo de Chavela, também no Rio Cofio.