Alternativas e Soluções
para Rios Saudáveis
Vivemos uma época decisiva para o futuro do nosso planeta e para a sobrevivência humana e de todas as restantes espécies. A emergência climática impõe ações concretas e inequívocas no sentido da preservação da natureza e da sua biodiversidade, da adoção de práticas agrícolas sustentáveis e regenerativas, da preservação e/ou recuperação dos serviços de ecossistemas que garantem o bem-estar das populações e a manutenção do equilíbrio ecológico essencial à continuidade da vida na Terra.
Por outro lado, a pandemia provocada pelo COVID 19 veio demostrar a importância da natureza para a saúde física e mental da sociedade.
A água e a sua escassez, no quadro das alterações climáticas, é um tema paradigmático que tem de ser abordado de forma séria, aumentando a eficiência hídrica e, consequentemente, minimizando as necessidades da sociedade em relação ao recurso água, encontrando alternativas de ordenamento de território que reflitam paisagens “produtoras” de água, invertendo a tendência de destruir os escassos recursos naturais de água doce.
Os rios e os sistemas de água doce, sendo dos ecossistemas mais ameaçados em todo o mundo, são fundamentais à sobrevivência da sociedade e de todos os organismos vivos. Os rios e ribeiras apresentam uma elevada biodiversidade de espécies e habitats, que se deve à sua heterogeneidade e à sua conectividade natural, e fornecem serviços essenciais, quer ao nível ecológico, quer aos níveis social e económico.
É por isso é urgente implementar políticas, no âmbito da gestão dos recursos hídricos e dos ecossistemas associados, que garantam um futuro sustentável, socialmente justo e ecologicamente íntegro.



Práticas Agrícolas Não Sustentáveis
Em Portugal, 74% da água é consumida pelo sector agrícola. Para além da dependência excessiva da água, o uso inadequado do solo leva à degradação dos recursos hídricos e a uma maior suscetibilidade para eventos de seca como o que estamos a atravessar, cenário que se tem vindo a agravar no contexto das alterações climáticas.
Há uma profunda falta de articulação entre políticas de agricultura e estratégias de conservação e restauro de ecossistemas, e há uma necessidade enorme de se passar a seguir diretrizes europeias que promovem o restauro dos ecossistemas fluviais, e não a sua degradação, e a transição para formas de agricultura mais sustentáveis, que utilizem menos água, e não impliquem a construção de barreiras.
Agricultura Sustentável e Conservação dos Ecossistemas Ribeirinhos
O valor da água para a agricultura e para a sobrevivência humana é imensurável!
Numa perspetiva puramente economicista, o governo português, através da aposta no regadio e na agricultura em modo intensivo, vai contra as diretrizes europeias como o Green Deal, a estratégia Farm to Fork (do Prado ao Prato), a Diretiva Quadro da Água e a Estratégia Europeia para a Biodiversidade, que são inequívocos na urgência de preservar os ecossistemas e a biodiversidade e de desenvolver sistemas agroalimentares sustentáveis.
Ao invés do investimento em políticas agrícolas que vão contra uma estratégia de futuro para preservação da água, seria importante que o país assegurasse a manutenção dos recursos hídricos em estado natural, através do investimento em práticas agrícolas mais sustentáveis, adaptadas às condições ecológicas, com uma menor pressão hídrica, promotoras da regeneração dos solos e das culturas de sequeiro. As grandes culturas intensivas que hoje predominam nos perímetros de rega no Alentejo, como o olival e o amendoal, são responsáveis pelo consumo de grandes quantidades de água, sem impactos positivos significativos a nível social.
Os apoios existentes na agricultura deveriam ser preferencialmente canalizados para projetos de agricultura sustentável que garantam a eficiência hídrica e preservem a biodiversidade e a sustentabilidade da vida. Neste ponto, é de notar que agricultura sustentável não é necessariamente biológica, e que nem toda a agricultura biológica é sustentável. De facto, existem várias formas de agricultura biológica, algumas das quais destroem os solos e têm um uso excessivo de água.
Soluções para Retenção de Águas Pluviais
Relativamente às soluções para retenção de águas pluviais para regadio dentro da área da Engenharia Natural, em zonas rurais, podem aplicar-se as seguintes técnicas, preferencialmente em conjunto:
- Condução de águas de escorrência para charcas / lagos através de um sistema de faixas de vegetação em V (ou outros materiais, como troncos de madeira ou pedra), aplicadas nos taludes/encostas existentes (ou a criar através de pequena modelação de terreno);
- Em termos de morfologia, e do nosso ponto de vista, os reservatórios deverão assemelhar-se a charcos ou depressões naturais;
- Plantação de espécies de macrófitas aquáticas nas margens ou em ilhas flutuantes, ajudando na depuração da água, já que se tratará de um sistema de águas paradas;
Plantação nas margens de espécies ribeirinhas autóctones, de preferência arbóreas, para promover o ensombramento da lâmina de água e reduzir a evaporação.
As plantações aumentam também a infiltração de água no solo, reduzindo as taxas de erosão, o que são aspetos cruciais no que respeita ao armazenamento natural de água no solo.
A vantagem das charcas (ao invés de, por exemplo, tanques ou um sistema de cisternas) é que permitem um incremento de biodiversidade a nível local ou até regional, dependendo das espécies que possam vir a beneficiar do local, em maior escala quando consideradas com reservatórios mais artificializados.
Isto vai também traduzir-se num ponto benéfico para a produção agrícola, na medida em que se potencia o controlo biológico de eventuais pragas.
Todas as espécies deverão ser autóctones e adaptadas ao local / região.
Modos de produção extensiva e de sequeiro;
Alteração de hábitos alimentares;
Uso de espécies e variedades autóctones e mais adaptadas às nossas condições climáticas;
Promoção da recarga de aquíferos;
Promoção de métodos de agricultura regenerativa;
Métodos da resposta enviada pelo EcoSalix.